sexta-feira, 8 de julho de 2011

Carta de francisco Assis

Cara(o) Camarada,

Candidato-me a Secretário-Geral do Partido Socialista porque quero continuar a servir o nosso partido como sempre o tenho servido, com lealdade aos nossos valores e com a responsabilidade de os saber colocar ao serviço de Portugal.

Esta é a candidatura da mudança, mas também é uma candidatura de continuidade.

De continuidade, porque assumo integralmente toda a história e todo o património político, ético e humano do PS. Faço-o com muito orgulho e sem nenhum tipo de complexo. O meu partido é o partido de Mário Soares, Vítor Constâncio, Jorge Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues e de José Sócrates, e de todas e todos os camaradas que fizeram e fazem do PS o partido referencial da Democracia portuguesa.

Mas esta é a candidatura da mudança, porque conta com todos os militantes para construir os caminhos do futuro. Teremos de fazer as rupturas necessárias e as inovações indispensáveis, para que o PS volte a receber a confiança maioritária dos portugueses. Não temos um caminho fácil, mas garanto um PS com uma liderança firme, responsável e audaz.

Não sou um predestinado, nem passei anos a preparar a minha candidatura. Os socialistas conhecem-me e sabem que sempre fui solidário. Nunca me refugiei ao longo destes anos em qualquer tipo de distanciamento táctico ou em calculismos de nenhuma espécie. Tenho um percurso político de disponibilidade total ao PS. Fui autarca, deputado europeu, sou deputado à Assembleia da República. Dei sempre a cara pelo PS e pelas nossas causas, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, como nos últimos anos, na liderança do grupo parlamentar.

Perdemos as últimas eleições legislativas e temos de reflectir sobre as causas dessa derrota, não para responsabilizar quem quer que seja, mas para tirarmos as devidas ilações. É verdade que a situação económica internacional tem feito com que todos os partidos dos Governos da Europa percam as eleições que se vão realizando. Mas também sabemos – há que assumi-lo com frontalidade -que se quebrou a relação de confiança entre o PS e a sociedade portuguesa.

Temos de voltar a estabelecer essa relação de confiança e apresentar-nos como uma alternativa. Isso não se faz com um estalar de dedos ou a simples mudança de líder. Isso faz-se com reflexão, com responsabilidade, com muito trabalho, com exigência, mas também com abertura. O PS precisa de voltar a estar com os sectores mais dinâmicos da nossa sociedade e não se fechar sobre si próprio.

A militância, como sabemos, é o grande património activo do PS, e todos nós, socialistas, sabemos bem que quando a nossa militância é aberta à sociedade, o PS enriquece-se e torna-se mais forte. Esta postura requer de nós audácia, mas é a grande tradutora da forma como o PS e os seus militantes colocam sempre os interesses gerais à frente dos interesses individuais ou particulares.

São vários e complexos os desafios que temos pela frente, mas há um desafio que temos em comum com toda a Esquerda europeia. Hoje, a nossa família política, que já foi predominante na Europa, tem uma expressão muito reduzida nas governações nacionais. O PS, o partido do Governo que deu à União Europeia a Agenda de Lisboa e o Tratado de Lisboa, deverá assumir um papel relevante nesse esforço de refundação do pensamento e do programa da Esquerda em toda a Europa. Nós temos essa capacidade e os europeus reconhecem-nos essa competência. Precisamos reflectir sobre o que se tem passado, para construir um projecto de futuro.

A solução, estamos certos, passa por mais Europa, mais integração e mais solidariedade entre os povos europeus, ao invés dos egoísmos nacionais predominantes. Há que reconhecer que a União Europeia não tem estado à altura dos desafios para lidar com estes tempos difíceis. Estaremos muito activos neste combate. Não aceitamos nem nos conformamos com o liberalismo e o neo-liberalismo como uma solução final para a Europa, porque nós não queremos o fim da Europa, queremos uma Europa forte, unida e ao serviço de todos os europeus.

Os socialistas portugueses nunca viraram a cara à luta ou às dificuldades. Saberemos ir reconstruindo a relação de confiança com os portugueses de forma a voltarmos a apresentar-nos como alternativa credível e responsável.

Uma etapa importante desse processo serão as autárquicas de 2013. O PS deve começar a preparar estas eleições sem demoras, até pelas circunstâncias muito especiais, uma vez que vão exigir uma grande renovação de quadros, dados os últimos mandatos de muitos Presidentes de Câmara ainda em exercício. É uma tarefa para a qual nos devemos mobilizar desde já, permitindo aos nossos candidatos trabalharem com vista a obtermos uma grande vitória nas eleições autárquicas, pois as autárquicas devem representar uma grande alavanca para construir a alternativa política com que nos apresentaremos em 2015 ao juízo dos portugueses.

Todos somos precisos neste difícil momento. Conto consigo!

Um abraço amigo,
Francisco Assis

Sem comentários:

Enviar um comentário