Num texto divulgado aos militantes socialistas, António José Seguro “expressa opinião sobre extinção de concelhos em carta escrita aos Presidentes de Câmara Municipal eleitos pelo Partido Socialista”.
Do texto retira-se, como aparente conclusão, a posição oficial do candidato: “com clareza, sou contra a extinção dos actuais concelhos, excepto se a mesma decorrer da vontade próprias das suas populações”, é o que defende logo no primeiro parágrafo. (sublinhado do próprio candidato)
Mas digo aparente conclusão porque, mais à frente, aquela posição é temperada com a necessidade de ouvir os autarcas ou com a ideia de que a reorganização administrativa não pode ser feita a “régua e esquadro”. Ou seja, já um pouco mais flexível do que a posição que abre o texto e que marca decisiva e deliberadamente a sua leitura.
Anoto que o camarada António José Seguro, num documento de campanha dirigido aos eleitos pelo PS, procura colocar-se ao seu lado, com uma posição de princípio contra a extinção dos concelhos, se por outras razões que não “a vontade das populações” (sic); mas anoto que, ao mesmo tempo, porque é um político experimentado e, do meu ponto de vista, responsável, vai moderando a sua posição, ao longo de todo o texto, para não fechar a porta a uma reforma que, sabe ele, é inevitável e não estará – como não pode estar! – apenas à mercê da vontade das populações, como começa por dizer. Vai mal António José Seguro com uma posição que, apresentando-se como clara, é uma tentativa frustrada de agradar a toda a gente.
Ora, o actual momento do país exige firmeza e clareza em reformas essenciais como as que se aproximam, sobretudo do ponto de vista da organização administrativa do Estado. Reformas essenciais, elas próprias, para a salvaguarda futura do Estado Social. E, do meu ponto de vista, quem pretender liderar o Partido Socialista não deve ceder à tentação de, procurando agradar aos seus camaradas em época de eleições internas, comprometer o desenvolvimento do país. António José Seguro começou já a ceder a essa tentação e isso é um mau prenúncio.
O texto pode ser lido aqui http://www.onovociclo.org/2011/07/comunicado-de-imprensa
Paulo Valério
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