quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um mau prenúncio

Num texto divulgado aos militantes socialistas, António José Seguro “expressa opinião sobre extinção de concelhos em carta escrita aos Presidentes de Câmara Municipal eleitos pelo Partido Socialista”.

Do texto retira-se, como aparente conclusão, a posição oficial do candidato: “com clareza, sou contra a extinção dos actuais concelhos, excepto se a mesma decorrer da vontade próprias das suas populações”, é o que defende logo no primeiro parágrafo. (sublinhado do próprio candidato)

Mas digo aparente conclusão porque, mais à frente, aquela posição é temperada com a necessidade de ouvir os autarcas ou com a ideia de que a reorganização administrativa não pode ser feita a “régua e esquadro”. Ou seja, já um pouco mais flexível do que a posição que abre o texto e que marca decisiva e deliberadamente a sua leitura.

Anoto que o camarada António José Seguro, num documento de campanha dirigido aos eleitos pelo PS, procura colocar-se ao seu lado, com uma posição de princípio contra a extinção dos concelhos, se por outras razões que não “a vontade das populações” (sic); mas anoto que, ao mesmo tempo, porque é um político experimentado e, do meu ponto de vista, responsável, vai moderando a sua posição, ao longo de todo o texto, para não fechar a porta a uma reforma que, sabe ele, é inevitável e não estará – como não pode estar! – apenas à mercê da vontade das populações, como começa por dizer. Vai mal António José Seguro com uma posição que, apresentando-se como clara, é uma tentativa frustrada de agradar a toda a gente.

Ora, o actual momento do país exige firmeza e clareza em reformas essenciais como as que se aproximam, sobretudo do ponto de vista da organização administrativa do Estado. Reformas essenciais, elas próprias, para a salvaguarda futura do Estado Social. E, do meu ponto de vista, quem pretender liderar o Partido Socialista não deve ceder à tentação de, procurando agradar aos seus camaradas em época de eleições internas, comprometer o desenvolvimento do país. António José Seguro começou já a ceder a essa tentação e isso é um mau prenúncio.

O texto pode ser lido aqui http://www.onovociclo.org/2011/07/comunicado-de-imprensa

Paulo Valério

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